27.6.05

Liberdade para fazer tudo e também para fazer nada

Quem conhece a liberdade
A quem o próprio Deus chamou
Não aceitará se submeter
A nenhuma escravidão

Doutores da Lei (Resgate)



Acho muito engraçado a pretensa liberdade que muitos alardeiam na igreja evangélica hoje em dia. Aliás, acho que a imposição dessa liberdade traz muitas vezes libertinagem (não no sentido sexual do termo), quando também acarreta bagunça.

Explico: É comum, nos momentos de louvor das igrejas hoje em dia falarem muito que temos liberdade perante o Senhor, e daí podemos nos manifestar livremente perante Deus, no momento de louvor. Agora, e no que isso acarreta problemas?


  1. Muitos entendem isso como um salvo-conduto para pagar mico perante Deus. E daí vem os exageros. Nada contra bater palmas, e louvar ao Senhor com elas. Mas assobiar, gritar, rodopiar e outras manifestações que listo abaixo, deixam de ser a presença do Espírito Santo para ser qualquer outra coisa. Em alguns casos, parece ser é coisa do capeta mesmo.
  2. As pessoas que dizem que tem o Espírito Santo (e fazem essa macaquice toda) acham que, quem não faz, não tem o Espírito Santo em suas vidas. Se a pessoa não canta, por exemplo (por diversos motivos), pronto, é frio espiritualmente, ou até é um enviado de satanás.
  3. E quem não faz, por diversos motivos, acha que o louvor é só cantado e/ou tocado, 3 ou mais coros no retroprojetor e acabou. Uns sentem-se culpados por não louvarem direito, como se fizesse diferença para Deus o louvor ser com panela batucada com colher ou baterias Pearl, órgão desafinado ou teclado Korg, e viola velha ou uma guitarra Fender Stratocaster. E essas pessoas sentem-se às vezes inferiorizadas. Tristes. Ficam mal mesmo.

Ou seja, perpetua-se uma cultura de comércio até no louvor: "vendemos" nosso melhor louvor, cheio de emocionalismos e filigranas espirituais, em troca de bençãos materiais do Deus Altíssimo, como se Deus precisasse de nós para realizar o seu propósito. Conversa fiada.

Vale a pena lembrar João 4:23: Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Esse é o versículo mais usado como justificação para esses exageros. Só que a visão de louvor da igreja anda muito deturpada.

Louvor não é só cantar. Se o louvor fosse só isso, seria muito pobre. Louvamos a Deus com as nossas ofertas (momento mais do que negligenciado nas nossas igrejas), com os nossos dízimos (por mais que 70% em média da membresia não entregue o dízimo), com a nossa vida, com o nosso coração. Já vi críticas severas a uma pessoa próxima a mim que não canta por ser desafinado e não gostar. Mas ele louva com o seu coração, acompanha cada linha do cântico (ou coro) e louva no seu íntimo. Aliás, ele deve ter ficado mais tranquilo quando notou que o líder nacional da sua denominação também não canta, embora faça a mesma coisa que ele.

Como lidar com isso? Aprendendo a ser tolerante, aprendendo o que é realmente o que é o louvor. Vale a pena citar A Ditadura dos Tolerantes, do pastor Ricardo Gondim, sobre o exercício da tolerância. E também recomendar esse livro, do Rubem Amorese: Louvor, Adoração e Liturgia, da Editora Ultimato. São material excelente sobre o assunto. Ao contrário de Congressos de Louvor Profético que enchem hotéis em cidades interioranas e manifestações de Louvor Extravagante (está mais para Estrambótico), seria melhor se as pessoas preocupassem em entender realmente o que é o louvor.

Você pode estar perguntando-se: Mas como ser mais tolerante, se as igrejas estão tão fundamentalistas? É assunto para falar depois. Nenhum assunto está esgotado aqui, eles devem voltar depois.

Deus tenha misericórdia da sua (e nossa) amada igreja.

1 Comments:

At 00:18, Blogger Raquel Souza said...

Concordo com cada vírgula escrita aqui. Penso que os cristãos precisam amadurecer demais, pois preocupam-se com coisas insignificantes ou invés de cuidar de suas próprias vidas espirituais e até mesmo pessoais. Infelizmente, as Igrejas perderam o verdadeiro sentido do Cristianismo, que é ser imitador de Cristo.

 

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